terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O Baixo Alentejo manuelino

Viana do Alentejo foi uma das mais importantes povoações do Baixo Alentejo do século XV, com a sua posse no segundo Conde de Barcelos, D. Afonso V, e depois para D. Pedro de Meneses fronteiro-mor de Ceuta.
Na vila estiveram por várias vezes reis portugueses, como D. Fernando e D. João II. D. Manuel I deu-lhe novo foral em 1517.
O castelo é do tempo de D. Dinis, que em 1313 decidiu muralhar a vila. Tudo o que se vê hoje é da reforma manuelina. A praça tem 2 portas e torre de menagem, as torres tem cobertura cónica, típica do Alentejo, e muros rectos coroados por ameias de corpo largo, e dotados de adarves com abertas e fretas para uso de tiro por setas. Do fosso e da ponte levadiça só restam as memórias.
A Igreja de Nossa Senhora da Anunciação é a matriz da vila, e um dos mais notáveis templos a sul de Portugal. A estrutura da igreja é rica e complexa, tem cabeceira tripla com capela-mor e duas colaterais pouco profundas. O tecto é abobadado com nervuras ogivais de traçado recto, com pilares bem decorados. Possui coro alto. No exterior destacam-se os contra-fortes com coroamento feito por ameias decorativas e pequenos pináculos. O portal é uma obra-prima do manuelino com elementos de cariz vegetal, a Cruz de Cristo e o Escudo Real, rematadas pelas esferas armilares no coroamento dos pináculos. No interior algumas lápides tardogóticas e um frontal de azulejos mudejáres de fabrico sevilhano.

Alvito começa a ter importância quando no século XII entra na posse do genro de D. Afonso II, seu chanceler-mor, D. Estêvão Anes. Em 1279 passa para a ordem da Santíssima Trindade que tem um papel importante no desenvolvimento da região, no final do século XIV já era vila importante, o que leva já no século XV, o segundo Barão do Alvito, D. Diogo Lobo da Silveira, a construir o Paço. D. Manuel I deu foral á vila em 1516.
O centro é um manancial de vestígios manuelinos, que estão nas portas e janelas, mas também nas ombreiras de mármore, especialmente no Rossio, Rua de Beja e Rua Nova.
A Igreja de Nossa Senhora da Assunção é a matriz de Alvito, e é do século XII, mas hoje o que se pode ver é do reinado de D. João III. Aqui estão o panteão dos barões do Alvito. A Igreja é de grande dimensão, com 3 naves pouco usuais em Portugal. A zona mais nobre é o transepto onde estão os túmulos da família Lobo da Silveira, barões de Alvito. No exterior as ameias decoradas com os tradicionais alentejanos pináculos cónicos. A torre é do século XVI.
O castelo ou paço foi mutilado pela pousada, destruindo o único palácio doméstico manuelino que se mantinha inalterado há 5 séculos. A torre de menagem é de tradição medieval com 25 metros de altura, tendo outras 3 cilíndricas. As janelas são altas e as varandas duplas em estilo mudéjar.

A Vidigueira começa a ser vila importante no século XIV, entrando na orbita da Casa de Bragança em 1519, quando Vasco da Gama foi nomeado Conde de Vidigueira e depois D. Francisco da Gama, vice-rei da Índia.
Do castelo pouco resta, apenas muros da torre de menagem.
A Ermida de Santa Clara foi igreja paroquial até 1540, altura em que D. Francisco Gama a manda reconstruir. Tem bela capela-mor manuelina, de 1520, tendo o corpo refeito. O exterior também é manuelino com contrafortes de coroação com ameias decorativas e pináculos cónicos, e portal singelo.


Beja sempre foi uma das mais importantes a sul do rio Tejo, já o sendo no período romano e que se manteve no período islâmico, tendo D. Afonso Henriques tentado conquistá-la, foi só em 1232 que ficou definitivamente em posse do rei de Portugal.
Com D. Dinis foi reconstruído o castelo, mandados erguer vários edifícios religiosos e estatais. Com a doação ao Infante D. Fernando, marido de D. Beatriz, que fundaram a poderosa casa nobre e foram pais de D. Leonor e de D. Manuel I. Aliás foi D. Manuel que a elevou a cidade.
No centro estão muitos edifícios manuelinos, como a janela manuelina de duplo arco na rua dos Mercadores, de uma exuberância naturalista única. O pelourinho fica na Praça da Republica, de 1521, embora alterado.
O castelo tem as maiores muralhas do baixo Alentejo, conservando grande parte da estrutura manuelina, foi aumentado na época islâmica, mas destruído pelas tropas cristãs. As últimas obras são de 1939. A grande torre de menagem tem 60 metros de altura, e forma quase oval. O castelo é pentagonal dentro da praça de armas, ficando a torre de menagem num dos ângulos com os seus 3 pisos.
O Convento de Nossa Senhora da Conceição foi fundado por D. Beatriz, mulher do Duque D. Fernando, e mãe de D. Manuel I, e remonta a 1469. Teve o seu apogeu no século XVI quando D. Manuel I se torna rei de Portugal. O exterior está alterado por obras, que lhe deu um aspecto neogótico, mas do tempo do manuelino ficou o portal principal da igreja num belo gótico flamejante do tipo da Batalha, e uma janela de arco duplos de traçado mudéjar. O claustro é simples, mas destaca-se a porta do antigo refeitório, naturalista e com as esferas armilares. A Sala do Capitulo tem decoração com azulejos de aresta do tipo sevilhano em estilo mudéjar. Neste espaço está actualmente o Museu Regional de Beja.

Serpa foi sempre terra de fronteira, primeiro de Castela e depois de Portugal no século XIII, Foi terra árabe, mas começou a ter mais importância no século XV, tendo sido desta época a construção da maioria das casas, a reforma do castelo e a construção de conventos.

Moura já era terra antiga, antes da ocupação islâmica em 711, mas só ganhou uma vida pujante com D. Sancho II que a conquistou em 1232, o foral foi-lhe dado em 1292. Sendo terra de fronteira teve o seu castelo já no período árabe. D. Manuel I desenvolveu a vila dotando-a de nova igreja matriz, nova alcáçova, e um convento. O castelo recebeu obras de beneficiação no século XII. Desta época restam alguns panos de muralha, feita em taipa e torres cilíndricas ou cubos. No tempo de D. Dinis recebeu novas obras e de que restam a torre de menagem.

A Igreja de São João Baptista, actual matriz da cidade, era até ao século XV uma pequena ermida, pois a antiga ficava dentro do reduto do castelo. Da ermida nada ficou, e o que se vê hoje é um belo portal, semelhante ao da Igreja Matriz da Golegã, num exterior sóbrio. Tem forte torre lateral, com porta axial, idêntica do da matriz de Viana do Alentejo. O interior tem arcadas elegantes que dividem as 3 naves, e cabeceira tripla, coro alto, púlpito e porta lateral manuelina. 

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