quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O Algarve manuelino

O Algarve (do árabe Al-Gharb, poente), sempre foi uma terra á parte e única, aqui estiveram Fenícios, Cartagineses, gregos, Romanos, Godos, Magrebinos e Mauritanos. Só no século XIII o Algarve foi integrado na coroa portuguesa. Foi uma das regiões que mais contribui-o para a gesta dos Descobrimentos, e também na manutenção das praças do norte de África e das ilhas atlânticas. D. Manuel I teve pelo Algarve um carinho especial, em reconhecimento pelo seu papel na expansão portuguesa, favorecendo vilas, promovendo obras públicas e religiosas. Infelizmente o Algarve é terra sujeita a terramotos, e muito desse património ruiu e desapareceu.

Castro Marim passou para o reino de Portugal no reinado de D. Afonso III, em 1242, e que lhe deu carta de foral, mais tarde confirmado em 1282 por D. Dinis, e em 1504 por D. Manuel I. D, Dinis estabeleceu na vila a sede da Ordem de Cristo, em 1319, e que se manteve aqui até 1334. Na época manuelina era a defesa da foz do Rio Guadiana e da fronteira com Espanha.
O castelo é da Idade do ferro, e ainda conserva a torre de menagem alta, e barbacã e cerca baixa e irregular.

Tavira foi reconquistada em 1242 por D. ápio Correia, sendo doada á Ordem de Santiago em 1244. A primeira reconstrução do castelo é do reinado de D. Afonso III, em 1266, sendo a primeira localidade algarvia a ter foral. Em 1520 D. Manuel I eleva-a a cidade.
As construções manuelinas e anteriores desapareceram quase todas, devido aos sucessivos terramotos e á incúria dos municípios. Da época manuelina ficou a Capela do Senhor dos Passos, na Igreja de Santa Maria do Castelo, e a Ermida de São Brás na Igreja de São José.

A cidade de Faro já era importante no período islâmico, tendo o seu apogeu como entreposto comercial no século XII. Marcada pelo traço romano, foi conquistada por D. Afonso III, recebendo o seu foral em 1266. No século XV tinha uma grande e importante comunidade judaica, tendo aqui sido instalada uma tipografia em 1487. D. Manuel I deu-lhe foral novo em 1504.
As muralhas são do tempo de D. Manuel I, mas existiram outras anteriores, tendo sido aproveitada a do período emiral muçulmano.
A Sé catedral foi fundada como matriz de Faro, e foi começada no século XIII, mas o que se vê hoje é do século XVI, com torres frontal. Manuelinas são as duas capelas do cruzeiro, tudo o resto foi modernizado devido aos abatimentos provocados pelos terramotos.

Silves foi a cidade mais importante da época muçulmana, e foi conquistada por D. Sancho I em 1189, embora só tenham expulso os árabes definitivamente em 1240, no tempo de D. Afonso III. Com a paz perdeu a importância para as vilas ribeirinhas. D. Manuel I mandou fazer a Sé Catedral, e reformar o castelo. A Cruz de Portugal é o mais belo cruzeiro manuelino de Portugal, de calcário amarelo, de recorte gótico vegetalista. De um lado Cristo Crucificado, do outro a Pietá.
A Sé foi começada no tempo de D. Afonso V, no local de uma anterior do século XII. D. Manuel I manda refazer em 1499, aumentando o seu volume. Sóbria e despojada, de bom desenho, tem 3 naves divididas por pilares e cobertura de madeira, com transepto e cabeceira tripla num gótico tradicional, quatrocentista.

Alvor tem a sua Igreja do Divino Salvador, e é uma das igrejas manuelinas do Algarve que conserva a sua estrutura quase intacta. O portal é o mais belo do Algarve, e o interior de 3 naves assentes em colunas cilíndricas decoradas todas diferentes. Da cabeceira manuelina resta o arco da capela-mor.

Lagos é da época romana, mantendo a importância durante a ocupação muçulmana, mas foi na época dos Descobrimentos que se tornou uma localidade importante no contexto nacional. O Infante D. Henrique passou aqui muito tempo, e foi daqui que partiu D. Sebastião para Alcácer Quibir. No século XV era o centro da navegação portuguesa, saindo daqui os navios para a tomada de Ceuta, e a barca de Gil Eanes que dobrou pela primeira vez o Cabo Bojador. Com a morte do Infante em 1460, Lagos perde privilégios. D. Manuel I reconstrói as muralhas.
As muralhas mantêm-se até hoje com poucas alterações, apesar dos frequentes terramotos, e do largamento do perímetro da cidade. Existem ainda dentro das muralhas, casas quinhentistas, algumas manuelinas. A muralha a sul é impressionante com os seus baluartes.


Na Raposeira, a Igreja de Nossa Senhora da Guadalupe é a mais emblemática da região, e talvez de Portugal, pois diz a tradição que foi mandada erguer pelo Infante D. Henrique, que aqui rezava antes de ir para a mítica “escola de Sagres”. O que se vê hoje é um exterior muito simples, com um portal arcaico e óculo redondo na fachada, contrafortes laterais exteriores, e no interior capela-mor abobadada. 

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