quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O Alto Alentejo manuelino

Durante toda a Idade Média, e especialmente na época áurea dos Descobrimentos, a cidade de Évora conhece um esplendor único na história portuguesa. A dinastia de Avis tinha um carinho especial pela cidade, o que os levou a beneficiar a cidade. Foi aqui o casamento do filho de D. João II com a filha dos reis católicos. A grandeza da cidade fez com que vilas como Arraiolos, Vidigueira e Olivença, se enchessem com nobres pois queriam estar junto ás cortes de D. João II, D. Manuel I e D. João III. Também D. Nuno Alvares Pereira teve aqui residência. Já na época manuelina era uma referência em toda a Europa, pela sua beleza e pela diversidade das suas gentes: muçulmanos, judeus e cristãos habitavam dentro das suas muralhas com torres. Tal a sua beleza que a Unesco a declarou património mundial em 1983.
A cidade é um hino ao manuelino, tal a profusão de edifícios neste estilo, a começar pelas suas muralhas.
Destacam-se a Igreja de São Francisco, que é originária do convento do século XIII, e sempre foi protegida pelos monarcas. O templo é um dos mais luxuosos da época manuelina. Acede-se do templo por um alpendre de cantaria, e um portal de mármore com os símbolos do rei D. Manuel I. O interior é de uma só nave com abóbada rica na capela-mor, e decoração naturalista. Os altares barrocos têm pinturas da renascença. A Sala do Capitulo também é manuelina.
O Convento dos Lóios é muito elegante com dossel em forma de tenda, sustentado por dois anjos a fazer lembrar o Mosteiro da Batalha. A igreja é de uma só nave e tem uma exposição de algumas peças da colecção da casa do cadaval, dona do espaço, túmulos renascentistas, lápides tumulares de bronze de origem nórdica, os túmulos de D. Rodrigo de Melo e de D. Isabel de Menezes, a lápide de Rui Pais e esposa (a mais bela de todas), que mostra o casal a orar. Grande parte do convento foi transformado em pousada, o claustro é do século XVI de 2 pisos, e a Sala do Capitulo é uma obra emblemática do mudéjar alentejano.

Arraiolos teve uma grande importância na Idade Média porque foi propriedade de D. Nuno Alvares Pereira, que a doou ao neto, o segundo Duque de Bragança em 1422, entrando assim na posse da Casa de Bragança. D. Manuel I deu-lhe foral em 1514. Criou uma importante industria de tapetes artesanais no século XVII, com desenhos de cariz oriental, inspirada nos tapetes turcos, persas e indianos, e que colocou o nome da vila no imaginário português, e conhecida além-fronteiras.
O portal do Hospital do Espírito Santo, que foi fundado em 1409, é de 1525 e foi mandado construir por D. Jaime, Duque de Bragança. O pelourinho erguido em 1535 está assente sob 4 degraus, com um fuste em espiral e pinha no cimo, devido ao restauro de D. José, e ferros em cruz deitados.
O Castelo é de D. Dinis, de 1304, com cerca redonda e que contem o Paço dos Alcaides. A Torre de Menagem foi remodelada em 1485, e a Igreja do Salvador é de 1271, embora o que se vê hoje é do século XVI. A abóbada é cruzada gótica, mostra que foi aproveitada a antiga estrutura aquando da renovação manuelina. Também a sacristia conserva a estrutura tardogótica.
O Convento de Lóios é de 1527, com ajuda real, especialmente do rei D. João III e de D. Jaime. A zona da igreja é a mais antiga com portal naturalista, típico manuelino. O interior provoca uma impressão poderosa, tal a profusão de azulejos em contraste com o tecto branco.

Montemor-o-Novo teve origem num povoado romano, ampliado por Godos e Muçulmanos. D. Afonso Henriques toma-a em 1160, mas só fica definitivamente na posse do reino de Portugal em 1203 com d. Sancho I que lhe dá foral. A importância da vila na Idade Média era tanta que aqui decorreram as cortes de 1477 e 1481. Foi na sua alcáçova que D. Manuel I investiu Vasco da Gama no comando da esquadra que seguiu para a Índia, em Janeiro de 1497. O mesmo rei tomou posse da vila em 1498, dando-lhe novo foral em 1503.
O centro da cidade conserva ainda muitas construções medievais e do século XVI.
O castelo é árabe mas foi alterado no reinado de D. Dinis. Tem mais de um quilómetro de perímetro. Na Alcáçova está o Palácio Real, com as armas manuelinas sobre a entrada da Casa da Guarda da Porta da Vila. A Torre do relógio com 20 metros de altura é muito típica do manuelino alentejano.
Também na cidade a Ermida de Nossa Senhora da Visitação e a Igreja de São Pedro são dignas de visita.






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