terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Manuelino na margem sul

A margem sul do rio Tejo ao rio Mira, sempre foi domínio da Ordem de Santiago. Em Portugal. Arruda dos Vinhos foi a primeira sede da ordem no tempo de D. Afonso Henriques, que depois lhe foi doado Almada, Palmela e Alcácer do Sal, doações confirmadas por D. Sancho I. Aquando da divisão da ordem e fundado o ramo português, a sede passa para Palmela.

Sines teve ocupação romana, mas tornou-se um porto importante de pesca no período islâmico. Forma os cavaleiros Templários que a conquistam em 1217, as durante a Idade Média esteve na posse da Ordem de Santiago, sendo residência dos Gama, tendo inclusive nascido aqui Vasco da Gama. D. Manuel I deu-lhe foral em 1512.
O Castelo é do tempo dos muçulmanos, rendo tido grande reforma no século XIV, e por ordem de D. Manuel I. O Paço tem duas janelas geminadas, tendo a torre de menagem sido adulterada.
A Capela de Nossa Senhora das Salas foi reconstruída na época manuelina, por iniciativa de Vasco da Gama, branca e singela.

Santiago do Cacem está ligada á vizinha cidade romana de Miróbriga, cujas impressionantes ruínas lembram a sua importância. Foi na ocupação árabe que a vila de Santiago do Cacém nasceu, bem como o seu castelo. A primeira reconquista foi em 1157 por D. Afonso Henriques, mas só em 1217 passou para a coroa portuguesa. Deve o seu desenvolvimento á Ordem de Santiago, tendo D. Manuel I dado carta de foral em 1512.
O castelo tem forma de rectângulo irregular com cerca de 200 metros de comprido. Teve obras nos séculos XIII, XIV e XV, mas conservando os muros e as torres. Na época manuelina foi reparado, o que lhe deu a actual configuração.
A Igreja Matriz é do século XIV com reformas posteriores. O portal é gótico e o interior é de 3 naves com arcadas e pilares góticos.

Alcácer do Sal é antiga povoação romana (Salácia). Foi conquistada pelas tropas cristãs em 1158, mas só em 1271 passou definitivamente para as mãos do rei português. A produção de sal faz enriquecer a vila, especialmente na época dos Descobrimentos. D. Manuel I concede-lhe foral em 1516, tendo sido na vila, na Igreja do Espírito Santo, que o rei casou com a sua mulher D. Maria de Castela em 1501.
O castelo possui as características do período islâmico, em taipa. As alterações feitas pela Ordem de Santiago, e a reforma manuelina alteraram a alcáçova. No interior duas igrejas, a de Santa Maria e a do Senhor dos Mártires, ambas góticas.

Setúbal já tinha actividade portuária e de conservação do pescado na época romana. Com a reconquista cristã, e com a sua integração nos domínios da Ordem de Santiago, é-lhe concedido foral em 1249. Em 1343 D. Afonso IV delimita o termo da vila, e ergue as muralhas. No século XV era já uma das povoações portuguesa que mais contribuía para os cofres da coroa, tal era a actividade do seu porto. D. João II casou em Setúbal com a sua prima D. Leonor em 1473, e beneficiou a vila de grandes obras, incluindo um aqueduto. D. Manuel I também mandou executar várias obras, como duas igrejas, a Câmara, a cadeia, os açougues, a gafaria e o Paço do Trigo.
Da cerca conserva-se uma das portas, a do Sol, e apresenta a cidade diversas portas e janelas manuelinas.
O Convento de Jesus foi fundado por D. Justa Rodrigues, ama de leite de D. Manuel I, em 1489, quando este ainda não era rei, mas administrado pela Ordem de Cristo. As obras começaram logo nesse ano pelo mestre Boytac. Com a subida ao trono de D. Manuel I foi alterado o plano de obras, engrandecendo-o em volume e grandiosidade. A igreja tem 3 naves iguais em altura, separadas por colunas torsas de pedra polida da Serra da Arrábida. A capela-mor é mais alta e de melhor construção e é de 1520. Na cripta funerária existe um conjunto de azulejos mudéjares de tipo sevilhano com inscrições evocativas da morte. O claustro é de grandes dimensões com duplo piso e arcadas corridas com arcos ogivais.
A Igreja de São Julião é a matriz de Setúbal. Foi alterada no tempo de D. Manuel I tendo sido ampliada, mas devido aos terramotos tudo se perdeu excepto os dois portais, sendo o virado a norte o mais exuberante, mas ambos são belos trabalhos de elementos naturalistas.

Palmela foi reconquistada aos mouros pelas tropas de D. Afonso Henriques em 1148, mas foi sucessivamente perdida e reconquistada. D. Afonso Henriques deu-a á Ordem de Santiago, cujo mestre lhe deu foral em 1185, passando a ser cabeça da ordem em Portugal.
O castelo foi construído em adaptação á orografia, irregular com muralhas altas e fortes, reforçadas por torres. A Igreja de Santiago foi de iniciativa do infante D. João, filho de D. João I, em 1443. É um templo de estilo gótico despojado. Aqui está sepultado D. Jorge de Lencastre, mestre da ordem, construída a sepultura antes de sua morte, que só ocorreu em 1551.

Alcochete é uma das povoações ribeirinhas da foz do Rio Tejo, fronteira a Lisboa. No tempo islâmico tinha fornos de cal, dai o nome (Al-Kuxat). O comércio entre a capital e a vila foi o seu factor de desenvolvimento. Aqui nasce em 11 de Maio de 1469, D. Manuel, no Paço de D. Brites (sua mãe) destruído pelo terramoto de 1755. O Infante D. Fernando e a sua corte habitam a vila.

A Igreja de São João baptista é a matriz da vila, foi remodelada e tem 3 naves com 4 tramos com pilares monocilindricos a suportar arcadas ogivais com capitéis oitavados. A cabeceira é de uma só capela, que no seu flanco esquerdo dá acesso a obra do final do manuelino. 

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