sábado, 16 de fevereiro de 2013

A Ditadura Portuguesa


Nos 15 anos que se seguiram á proclamação da Republica, Portugal teve 7 eleições, 8 presidentes e 45 governos. Apenas um conseguiu cumprir o seu mandato na íntegra.
A Republica tinha trazido melhoras a nível social, mas não a paz politica e social.
Os motins e as greves sucedem-se com uma frequência alucinante.
As guerras com a igreja eram constantes, bem como alguma resistência monárquica. Estes uniram-se contra os republicanos, com resultados desastrosos para a Republica.

Em 1923 dá-se o golpe de Alves dos Reis, uma mega fraude financeira que abala o país. As notas emitidas eram iguais ás verdadeiras e não era possível distingui-las, o que leva o Banco de Portugal a recolher todas as notas em circulação, e substitui-las por novas. A divida nacional aumentou colossalmente. 
A desastrosa entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial ainda agravou mais a situação. Os soldados vão engrossar a lista de funcionários públicos. Nas fileiras militares a simpatia pelos regimes ditatoriais alemão e italiano cresciam.
A 26 de Maio de 1926, Gomes da Costa marcha sobre Lisboa, na quarta tentativa do exército tomar o poder. Começa assim a ditadura do Estado Novo.
O parlamento é abolido.

Gomes da Costa foi ao fim de 8 semanas promovido a Marechal e exilado nos Açores. Óscar Carmona é nomeado presidente, um admirador de Mussolini, e que ocupa esta posição nos 25 anos seguintes, até á sua morte.
Para salvar as finanças portuguesas chama o professor Oliveira Salazar, professor da Universidade de Coimbra. Salazar tinha na altura 37 anos, e partilhava a casa com o padre Manuel Gonçalves Cerejeira, que viria a ser nomeado cardeal-patriarca de Lisboa aquando da nomeação de Salazar á presidência do Conselho de Ministros. Cerejeira foi fiel ao regime e ao seu amigo Salazar, tendo até proibido o regresso do bispo do Porto aquando da sua visita ao Vaticano, por ter defendido os pobres, afrontando o Estado Novo.
O próprio Salazar era um antigo seminarista. Tinha sido eleito deputado pelo partido do centro católico (uma espécie de CDS/PP da altura), mas só esteve um dia no parlamento, pois recusou participar numa democracia politica.
Aceitou o cargo de ministro das finanças com a condição de ter total controlo sobre elas (á primeira vez foi-lhe recusada tal pretensão). Salazar rapidamente saldou as finanças públicas e recuperou financeiramente Portugal. O desemprego diminuiu drasticamente e o prestígio da economia portuguesa cresce.
O Estoril torna-se uma Meca de ricos e realeza fugida do resto da Europa.

No governo os ministros demitiam-se uns atrás dos outros, e Salazar ganhava poder e controlo sobre o Estado.
Carmona nomeia-o primeiro-ministro, e ele elabora e impõe uma nova Constituição, anticomunista, antidemocrática, antiliberal e autoritária. Era baseada na italiana e espanhola. A sociedade humana deveria ter como base a família, onde o pai era o chefe, bem como o marido.
Os sindicatos, partidos e greves foram proibidos. É devolvido o poder á igreja, desde que não colidisse com o poder instituído. A União Nacional substitui os partidos políticos, e toma conta da Assembleia Nacional.
Os funcionários do Estado eram obrigados a assinar uma declaração em como não eram, nem tinham simpatias pelo comunismo ou pela maçonaria, que foi considerada ilegal. Quase toda a actividade laboral foi vedada ás mulheres.

Manifestações contra Salazar decorreram várias vezes, em 1927, 29 e 34. A ultima foi a mais reprimida com mais de 1 000 detidos, dos quais 150 forma deportados para os Açores.
Salazar cria a PIDE e a Censura, que actuava em tudo o que se passava, incluindo até nos convites para festas de crianças. Foi instituído o Tribunal Plenário, que julgava crimes contra o Estado, e de que não se podia recorrer.
Em 1935 Salazar ordena a construção do campo de concentração do Tarrafal em Cabo Verde. Os primeiros chegaram em Outubro de 1936, e nas palavras do director do campo “para morrer”. Portugal tinha sido um dos primeiros países a abolir a pena de morte. Vários morreram lá.

Várias tentativas de derrube do regime levam Salazar a pedir a Mussolini o envio de instrutores de técnicas de tortura para instruir a PIDE. Mussolini envia também “camisas negras”. Salazar cria então a Mocidade Portuguesa.
Salazar engana tanto os portugueses, como os estrangeiros, jogando em ambos os tabuleiros de Segunda Guerra Mundial, e vendendo o ideal dos “valores tradicionais portugueses”.
A ordem social e financeira perpetuam o Estado Novo até 1974, 48 anos depois.

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