sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Sebastião, o Desejado


Foi rei aos 14 anos, contra as directivas do seu avô, D. João III, que só o queria a governar aos 20.
Menino rebelde, impulsivo, desaparafusado, louco, paranóico, vaidoso.
A devoção ocupava-lhe boa parte da sua vida, a casa e os exercícios físicos outra. Era muito honesto.
As mulheres deixavam-no intimidado. Adorava assistir aos autos-de fé.

A peste fê-lo fugir de Lisboa, indo a corte de terra em terra. Sintra, Alcobaça, Leiria, Montemor, Évora, Almeirim, Salvaterra, Vila Franca.
Martinho Pereira é que fica a governar verdadeiramente o reino, ajudado por Martim Gonçalves da Câmara, negando os conselhos da avó e do tio.

Foram arranjadas noivas para el-rei D. Sebastião: a Infanta de França, D. Catarina filha do Duque da Baviera, a filha do Conde da Feira D. Joana de Castro. A todas ele recusou.
Bizarro mandou abrir os túmulos reais de D. Brites, Afonso III e Afonso IV, apesar dos protestos do padre Francisco Machado, doutor pela Sorbonne.
Ao visitar a Universidade de Coimbra recebe uma pateada (uma das formas de aplauso na instituição), e fica afrontado com a dita.
Aos 18 anos empreende conquistar a Índia, para dilatar a fé, sendo dissuadido, muda a sua vontade para África.
Vai a Ceuta e depois a Tânger, onde destitui D. António, prior do Crato, preferindo D. Duarte de Menezes.
Com tudo isto a governação era descurada.
Pedro de Alcáçova Carmero, incumbido pelo rei, vai ter com Filipe II de Espanha, para o ajudar na guerra em África, e tratar do casamento com uma das suas filhas. Trata então de arranjar dinheiro para a sua cruzada, apoiado pelo papa Gregório XIII.
E onde vai buscar esse dinheiro? Aos mesmos de sempre, tributou o povo, os mercadores, apoderou-se do cofre dos órfãos, defuntos e ausentes, lançou uma derrama sobre os cristãos-novos, pediu emprestado, hipotecou-se.
Filipe, inteligente, nega-lhe ajuda.

20 000 homens partem para a desastrosa aventura.
Muitos iam á força e sem conhecimentos de guerrear. Fazem escala em Cadiz, seguindo depois para Tânger, e dias depois partem para Arzila.
O sultão propõe tréguas, oferecendo mais terras e enclaves á coroa portuguesa, mas D. Sebastião é de ideias fixas.
No campo de Alcácer-Quibir estão 26 000 homens á espera das tropas cristãs, que imprudentemente se puseram em marcha pelo interior.
Começa-se a sentir um medo no ar, por aqueles que ainda não estão febris de tal loucura, a todos o rei chama cobardes, e faz ameaças de morte.
A batalha foi uma carnificina cruel, 6 000 mortos portugueses, quase todos em fuga, e o resto feito prisioneiro.

Quando a el-rei D. Sebastião, nunca mais foi visto.

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