Foi rei aos 14 anos, contra as directivas do seu avô, D.
João III, que só o queria a governar aos 20.
Menino rebelde, impulsivo, desaparafusado, louco, paranóico,
vaidoso.
A devoção ocupava-lhe boa parte da sua vida, a casa e os
exercícios físicos outra. Era muito honesto.
As mulheres deixavam-no intimidado. Adorava assistir aos
autos-de fé.
A peste fê-lo fugir de Lisboa, indo a corte de terra em
terra. Sintra, Alcobaça, Leiria, Montemor, Évora, Almeirim, Salvaterra, Vila
Franca.
Martinho Pereira é que fica a governar verdadeiramente o
reino, ajudado por Martim Gonçalves da Câmara, negando os conselhos da avó e do
tio.
Foram arranjadas noivas para el-rei D. Sebastião: a Infanta
de França, D. Catarina filha do Duque da Baviera, a filha do Conde da Feira D.
Joana de Castro. A todas ele recusou.
Bizarro mandou abrir os túmulos reais de D. Brites, Afonso
III e Afonso IV, apesar dos protestos do padre Francisco Machado, doutor pela
Sorbonne.
Ao visitar a Universidade de Coimbra recebe uma pateada (uma
das formas de aplauso na instituição), e fica afrontado com a dita.
Aos 18 anos empreende conquistar a Índia, para dilatar a fé,
sendo dissuadido, muda a sua vontade para África.
Vai a Ceuta e depois a Tânger, onde destitui D. António,
prior do Crato, preferindo D. Duarte de Menezes.
Com tudo isto a governação era descurada.
Pedro de Alcáçova Carmero, incumbido pelo rei, vai ter com
Filipe II de Espanha, para o ajudar na guerra em África, e tratar do casamento
com uma das suas filhas. Trata então de arranjar dinheiro para a sua cruzada,
apoiado pelo papa Gregório XIII.
E onde vai buscar esse dinheiro? Aos mesmos de sempre,
tributou o povo, os mercadores, apoderou-se do cofre dos órfãos, defuntos e
ausentes, lançou uma derrama sobre os cristãos-novos, pediu emprestado,
hipotecou-se.
Filipe, inteligente, nega-lhe ajuda.
20 000 homens partem para a desastrosa aventura.
Muitos iam á força e sem conhecimentos de guerrear. Fazem
escala em Cadiz, seguindo depois para Tânger, e dias depois partem para Arzila.
O sultão propõe tréguas, oferecendo mais terras e enclaves á
coroa portuguesa, mas D. Sebastião é de ideias fixas.
No campo de Alcácer-Quibir estão 26 000 homens á espera das
tropas cristãs, que imprudentemente se puseram em marcha pelo interior.
Começa-se a sentir um medo no ar, por aqueles que ainda não
estão febris de tal loucura, a todos o rei chama cobardes, e faz ameaças de
morte.
A batalha foi uma carnificina cruel, 6 000 mortos portugueses,
quase todos em fuga, e o resto feito prisioneiro.
Quando a el-rei D. Sebastião, nunca mais foi visto.
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