sábado, 1 de novembro de 2014

O Manuelino transmontano

Os concelhos transmontanos entre o Rio Sabor e o Rio Douro, fronteiriços, sempre foram mais virados para terras de Espanha do que para o reino de Portugal. Por isso é natural que aqui se fale a segunda língua oficial no território português, o Mirandês.
Até ao século XII dependia politicamente de Leão, e a ligação com os vizinhos espanhóis mantêm-se até hoje. Por isso D. Manuel I mandou reformar os seus castelos, para lembrar os seus sogros, os reis católicos, que aquelas terras eram suas.

Bragança foi desses casos. D. Sancho I deu-lhe foral em 1187, renovado em 1253 por D. Afonso III e em 1514 por D. Manuel I. Em 1442 é criado o título ducal de Bragança, em que se manteve até regressar á coroa através de D. João IV em 1640.
O período manuelino foi de paz e progresso para Bragança, que em 1530 tinha uma grande colónia judaica, com cerca de 2 000 habitantes.
O Castelo continua a ser o ex-líbris da cidade, e é o acumulado das sucessivas reconstruções, especialmente a do século XV. As primeiras devem datar do tempo de D. Sancho I, mas certo é a de D. Afonso III. A grande torre joanina tem 30 metros de altura e tem salas interiores, e que serviam de habitação com ligação ás muralhas por passadiços. O castelo é um polígono de 5 lados. A outra torre é a da Princesa também com funções de habitação, e é de 1507. As muralhas são altas, largas com adarve de 2 metros de altura e torres colocadas irregularmente.
A Igreja de Santa Maria está dentro de muralhas, e é a única da cidade que conserva a estrutura manuelina. Está documentada desde 1258, mas foi remodelada no século XVI, e devido ao duque de Bragança D. Jaime, ficaram as 3 naves tipo mudéjar.

A história de Miranda do Douro inicia-se com a colónia fixada por D. Afonso Henriques, tendo sido elevada a vila por D. Dinis em 1266 com foral, e em 1545 a sede de diocese. Tal como Bragança a vila teve um período de prosperidade na época manuelina, devido á fixação de população judaica, tanto portuguesa como espanhola, tendo D. Manuel I reformado as muralhas. Infelizmente grande parte dessa época desapareceu com a explosão do paiol do castelo no dia 8 de Maio de 1762.
O centro histórico é da época manuelina e da traça tardogotica. Do castelo resta apenas parte da muralha. As casas quinhentistas estão bem conservadas com portas e janelas manuelinas. Ainda subsistem da época manuelina a Porta do Amparo com as suas duas torres grandes e largas.

Mogadouro começou a ganhar importância no século XIII, quando recebeu foral de D. Afonso III. Foi terra de Templários, passando depois para a ordem de Cristo por D. Dinis e que melhorou o castelo e as muralhas da vila, No século XV passa para a mão dos Távoras que aqui edificam um palácio, e que trouxeram os frades franciscanos.
Do castelo pouco resta, para além de restos de cortinas e a torre de menagem.
A velha igreja manuelina de São Mamede, matriz da vila, foi alterada na época manuelina mas mantêm a estrutura. Destacam-se o portal axial e a capela-mor com bela abóbada de nervuras com as armas de D. Manuel I.

A vila de Freixo-de-Espada-á-Cinta foi desde o tempo da formação de Portugal, um local de comércio entre o recente reino e o de Leão e Castela. A sua origem é anterior, pois D. Afonso Henriques em 1152 já fala da sua existência e do seu castelo. Em 1272 D. Afonso III concede-lhe foral, e com a entrada das terras de Riba-Côa no território português faz com que D. Dinis ainda a fortifique mais, sendo em 1527 a maior povoação da zona.
A vila tem um considerável número de casas manuelinas de dois pisos, sendo o de baixo geralmente comércio, oficinas ou estábulos, e o de cima habitação. As janelas e portas são debruadas ao estilo naturalista.
Do velho castelo apenas restou a torre pentagonal.

A Igreja de São Miguel, matriz da vila, é do tempo de D. Manuel I (1521), sendo concluída no reinado de D. João III. É uma igreja salão com abóbada sustentada por pilastras finas, cabeceira com 3 capelas, sendo a mor mais elaborada com talha barroca, e 16 painéis do retábulo quinhentista, que aqui esteve até ao século XVIII, mas que actualmente estão distribuídos aleatoriamente. 

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