terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O Manuelino Madeirense

A ilha da Madeira é a mais importante do arquipélago, com 741 km2, e a 1 000 km de Lisboa e 500 da costa africana. A ilha de Porto Santo fica a 50 km da ilha da Madeira, com 41 km2. O arquipélago fica completo com as ilhas selvagens e as desertas, não habitadas em permanência.
Reza a história que foram descobertas por João Gonçalves Zarco em 1419, e foram colonizadas pela pequena nobreza e servidores da casa do Infante D. Henrique. A introdução da cana do açúcar levou para a ilha muitos mercadores italianos, flamengos e alemães. No século XVI já habitavam a ilha 18 000 pessoas.
Em 1514 foi criada a diocese do Funchal, por insistência do rei D. Manuel I junto do papa Leão X, passando todos os territórios ultramarinos para a sua dependência. Funchal é a capital do maior centro urbano tanto do arquipélago como do país. A instalação dos colonos ao princípio obedeceu á disposição natural do terreno, tendo sido com D. Manuel I que surgiu a preocupação de reordenar a urbe, e que a eleva a cidade criando o seu rossio.

A Sé do Funchal é a mais importante construção manuelina da cidade, e que começou a ser construída em 1493, e acabada em 1517. Tem 3 naves com transepto saliente e cabeceira com 3 capelas, abobadadas de cruzaria ogival. O tecto é mudéjar de entrelaçados geométricos, rosas e moçarabes, bem ao estilo do renascimento do centro da Europa. Ao lado ergue-se uma elegante torre com corochéu. O portal tem estrutura do gótico final. O retábulo mor tem 3 filas de painéis unidos por estruturas entalhadas e imagens, sendo o único que se mantêm inalterado do período manuelino até hoje. O magnífico cadeiral é de 1508, é o original, composto por 2 filas de cadeiras e esculturas em relevo de grande qualidade, com imagens dos apóstolos de fina decoração.
A Alfandega Velha também foi mandada construir pelo rei D. Manuel I, sendo o portal muito interessante.

Na Ribeira Brava a Igreja Matriz teve origem numa capela fundada no tempo de D. Fernando, irmão de D. Afonso V e pai de D. Manuel I, e que era duque de Beja. O templo de hoje é maior devido a um aluvião que destruiu parte da capela. O arco da entrada da Capela do Santíssimo Sacramento é manuelino, com estrutura em gótico flamejante, com um gosto pelo exótico de quinhentos. O púlpito tem uma excepcional misula com um anjo, e a pia baptismal também é digna de ser vista.

Na Ponta do Sol, a Igreja Matriz é de1846, tem uma só nave com capela-mor a conformar com a cabeceira, ambas rectangulares. Tem duas capelas no cruzeiro tardo góticas. A Capela do Santíssimo Sacramento tem talha delicada e belos elementos fitomórficos. O tecto é mudéjar na capela-mor impressionante do século XVI.

Na Calheta a Igreja do Espírito Santo é a matriz, e conserva a estrutura manuelina. O tecto está completo com esteira central octogonal alongada, dourado e de desenho rico mudéjar muito miúdo.

Santa Cruz tem a sua Igreja de São Salvador, matriz, documentada desde 1479 quando Gil Eanes institui uma capela da invocação de Jesus, chamada de igreja velha. A igreja nova foi feita a pedido de D. Manuel I em 1502. A fachada tem dois contrafortes com portal ogival e um óculo. Tem torre sineira junto á cabeceira e encimada por um corochéu piramidal. Tem 3 naves de arcaria simples, sendo a capela-mor coberta por abóbada com as armas reais, o escudo de Portugal e a Cruz de Cristo. O portal da sacristia é de duplo vão e decoração fora do comum. Das capelas laterais destacam-se a Capela de São Tiago com escudo de armas, trado gótica com capiteis naturalistas e com arco de volta perfeita.


Machico tem a sua Nossa Senhora da Conceição, a matriz com estrutura manuelina, tendo sido concluída em 1529. A capela-mor foi demolida em 1535 e feita de novo em 1537. A Igreja é essencialmente manuelina. O portal é ogival de pendor naturalista, feito com pedra da ilha e óculo. Tem outro portal lateral com colunelos de mármore branco. A capela-mor e as 3 capelas do flanco são góticas, duas que fazem um falso transepto.

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