terça-feira, 24 de setembro de 2013

Oeiras, a vila do marquês

Embora tenha havido achados arqueológicos da época romana não se sabe bem a altura da fundação da vila.
A história fala de que na época de D. João I era habitada por pescadores e lavradores.
No tempo de D. Afonso V já era um burgo consolidado.

A necessidade de defesa da barra do Tejo torna Oeiras um ponto importante na defesa do rio e da capital.
Oeiras era o local mais ameno da zona saloia entre Pedrouços e Cascais. Aqui tinha raízes Sebastião José de Carvalho e Melo, ministro do rei D. José, e que o recompensa com o titulo da vila.
Com a herança de sua primeira mulher, D. Teresa de Noronha, sobrinha do Conde dos Arcos, e com terras compradas, torna-se grande proprietário vinhateiro.
A ele deve Oeiras o seu grande desenvolvimento. Em 1760 dá mesmo foral novo á vila. Manda erguer ali o seu faustoso palácio, já com o título de Marquês de Pombal. Realizou aqui em 1775 a primeira exposição comercial e agrícola de Portugal.

No palácio do Marquês viveu a família real durante o ano de convalescença do rei D. José.
O palácio e os jardins são imponentes, com escadarias de pedra, terraços, arvoredo, estátuas, pontes e uma magnífica variedade botânica. Os azulejos e as estátuas de Machado de Castro são o ex-líbris, com a Casa da Pesca com o seu pavilhão octogonal e enorme tanque.
A cascata do Tavena é a mais imponente construída num jardim português com as suas escadarias, azulejos, estátuas colossais e água pura, numa decoração marítima.
As adegas já não têm tonéis mas ainda matem o seu brio. Carlos Mardel foi escolhido para tal obra.
Pintaram-no de rosa.
A capela do palácio é dedicada a Nossa Senhora das Mercês, com altares com quadros de André Gonçalves, tectos e paredes de mestres italianos. Tem 3 corpos de santos mumificados: Santa Leonor, São Bruciano e Santa Vitória, enviados pelo papa ao Marquês de Pombal.
A sala de jantar tem duas estátuas de Machado de Castro. No salão nobre pode-se ver o fogão monumental em mármore verde e bronze dourado. Numa das salas um Rubens representando a glória da Virgem.
O Marquês de Pombal saiu do palácio em 9 de Março de 1777, a caminho de Pombal, desterrado pela filha do rei D. José, a rainha D. Maria I, que o detestava.

O centro da vila ainda mantém algo do seu traço rural
A Igreja Matriz e a Capela de Santo Amaro são de traça comum.
O vinho de Oeiras foi dizimado com a praga de filoxera, só escapando alguma em Carcavelos.
A chegada do comboio, e a construção da sua estação a cerca de 1 km do centro da vila, fez crescer a localidade para sul. Depois com o advento do turismo de praia, estende-se para a praia de Santo Amaro.
A praia fica entre os fortes das Maias e o de Santo Amaro. Os outros são o de Nossa Senhora das Mercês do Catalazete e a Fortaleza de São Gião ou São Julião da Barra.
O de São João das Maias, o primeiro de quem vem de Lisboa, tem muros amarelos, guaritas, mirantes e o edifício do cabo submarino italiano.
A seguir o de Santo Amaro, construído em 1659 por D. Afonso VI, com grossos parapeitos com canhões e um cordão de pedra e guaritas nos vértices. No portão as armas de Portugal e a coroa real.
Segue-se o de N. Sra. Mercês, posterior aos outros, com muros amarelos, actualmente desprovido de qualquer marca da antiga fortificação, estando já em 1868 abandonado. Em 1910 o mar destrói parte do edifício, derrubando algo mais em 15 de Fevereiro de 1941 devido a um ciclone.
Por ultimo o de São Julião da Barra, imponente, colossal, entre as rochas. Começa a ser construído em 1556 no reinado de D. João III sendo só concluída no reinado de D. João IV, durando um século. Já em 1580 tinha 500 soldados e estava a funcionar. Serviu para Filipe II como prisão dos fidalgos que se lhe opuseram, matando-os e atirando-os das suas muralhas para o mar, que iam dar ás praias, sendo tantos que os peixes apinhavam as águas para deles se alimentarem.
Também serviu de prisão para o Marquês de Pombal, tendo aqui aprisionado124 padres jesuítas durante 18 anos, em buracos gelados, húmidos e sem luz.
Em 1827 serve novamente de prisão aos inimigos do general inglês Beresford. Daqui saiu Gomes Freire no dia 4 de Abril de 1852 para ser assassinado no pinhal, descalço e de mãos atadas, enforcando-o. Queimaram-lhe o corpo e dispersaram-lhe as cinzas.
Nas lutas liberais voltou a ser prisão de 618 presos que sofreram torturas, execuções, insultos e vexames.
No Estado Novo novamente foi prisão política e militar.
O farol é de 1785 e já teve fosso e pontes levadiças. È uma fortaleza de paredes maciças e colossais.
O ciclone de 15 de Fevereiro de 1941 foi muito penalizador para o edifício.

No ilhéu de areia e rocha em frente foi mandado construir por D. Sebastião a Torre do Bugio. O engenheiro foi o frade São Turriano, tendo as obras começado em 1578. D. João IV ampliou-o e artilhou-o de novo, e era em 1642 inexpugnável.
Em 1755 recebe o farol.


1 comentário:

Anónimo disse...

As datas estão um bocadinho fora do sítio. Gomes Freire de Andrade foi executado antes de 1820.